ADUBAÇÃO COM ESTERCO DE COELHO

     O esterco de coelho é um dos melhores adubos orgânicos que podem ser utilizados na agricultura, se comparado com o de outros animais. Nas análises químicas, esse tipo de esterco se mostrou superior, em comparação ao de outros animais.
     Seu valor como fertilizante é muito grande e o seu emprego pode ser feito, com grande sucesso, em qualquer plantação, horta ou jardim.
     O esterco de coelho é muito rico, principalmente em nitrogênio, fósforo e potássio, segundo comprovam análises feitas por vários departamentos técnicos de universidades no Brasil e no exterior, e nas quais foram encontrados os seguintes resultados:

Nitrogênio 2,48%
Fósforo sob a forma de anidrido fosfórico 2,50%
Potássio, como óxido de potássio 1,33%

     Além desses elementos, são encontrados no esterco do coelho, embora em menor quantidade, cálcio, sódio, magnésio, enxofre, etc.
     Quanto ao fato de termos afirmado que o esterco de coelho é superior ao de outros animais, podemos verificar pelos dados a seguir, de acordo com as percentagens obtidas em análises realizadas:

coelho, galinha, porco, carneiro, cavalo,vaca

Nitrogênio; 2,48% - 1,75% - 1,00% - 1,00% - 0,60% - 0,50%
Fósforo; 2,50% - 1,25% - 0,40% - 0,35% - 0,25% - 0,30%
Potássio; 1,33% - 0,85% - 0,30% - 0,60% - 0,50% - 0,45%

     Segundo cálculos realizados, baseados em observações, 100 coelhos, em um só ano, podem produzir de 5000 a 6000 quilos de esterco. Essa quantidade é suficiente para adubar 1 hectare de terra e sua distribuição pode ser feita 1, 2 ou 3 vezes por ano.
     Se o esterco for adicionado à palhas, restos e outros materiais, pode atingir muitas toneladas, dando, assim, para adubar uma área bem maior.
     É aconselhável não usar esterco fresco de coelho, porque pode “esquentar” muito e queimar as plantas. Outro cuidado a ser observado é evitar empregar esterco de coelho em plantações destinadas à alimentação desses animais, para evitar a disseminação de alguma doença.
     Todo criador deve ter uma boa esterqueira para aproveitar esse elemento de tão grande utilidade na adubação de qualquer plantação e que por isso tem um grande valor, podendo ser aproveitado pelo próprio fazendeiro ou vendido a outros produtores rurais. Além disso, as esterqueiras ou fossas especiais evitam o mau cheiro, fermentações excessivas, a proliferação de germes e a disseminação de doenças.
     Sendo misturados com palhas, capins, sabugo de milho, palha de arroz ou qualquer outro material absorvente, sua qualidade melhora porque a urina é absorvida e fixada, não escorrendo, perdendo-se por filtração e evaporação.
     Para diminuir a perda de nitrogênio, é aconselhável adicionar 10% de super fosfato, porque este elemento, combinado com o amoníaco, forma um sal não volátil que, não se evaporando, permanece no adubo, mantendo suas boas qualidades.

COMPOSTAGEM DOMÉSTICA

A compostagem doméstica permite ao cidadão proceder à valorização dos seus resíduos orgânicos, no próprio jardim ou quintal. Este tipo de compostagem promove a decomposição de resíduos domésticos orgânicos por acção de microorganismos, poupando custos ambientais (poluição) e económicos de transporte e deposição desses resíduos em aterro.
À semelhança dos procedimentos para a Vermicompostagem , deverão cumprir-se os seguintes passos para a compostagem doméstica:
1. Escolha do local do compostor
2. Escolha do compostor
3. Compostagem
4. Aplicação do composto
1. Escolha do Local do Compostor
O compostor deve ser colocado num local de fácil acesso durante o ano, com um misto de sombra e sol, de preferência em cima da terra, numa superfície permeável (para facilitar a drenagem da água e a entrada de microorganismos benéficos do solo para a pilha) e debaixo de uma árvore de folha caduca, que permite ter sombra no Verão e sol no Inverno.
O compostor funcionará quer esteja colocado à sombra quer ao sol, mas poderá requerer alguma atenção extra, em particular ao nível da humidade: se o compostor ficar exposto ao sol durante todo o dia, a pilha pode secar demasiado; se for colocado à sombra, não irá tirar proveito do calor solar e poderá ficar com excesso de humidade.
Em locais de clima seco, a localização ideal de uma pilha de composto é debaixo de uma árvore, que proporciona sombra durante parte do dia e evita a secagem e arrefecimento do composto. Em locais de clima húmido, com muita precipitação, convém cobrir a pilha ou compostor porque o excesso de água atrasará a decomposição.

2. Escolha do Compostor
Existem vários tipos de compostor à venda, tal como os compostores à prova de roedores. No entanto, pode fazer o seu próprio compostor, a partir de uma caixa de cartão, de madeira ou de plástico, furada por baixo, de modo a evitar cheiros e facilitar a entrada de microorganismos.

3. Compostagem
Material necessário:

Materiais orgânicos (ver Tabela 1);
Água
Compostor de jardim
Tesoura de podar (para reduzir a dimensão dos resíduos a compostar)
Ancinho (para remexer o material de compostagem)
Termómetro
Regador

Todos os materiais orgânicos contêm uma mistura de carbono (C) e azoto (N), conhecida como razão C:N. Os materiais orgânicos que podem ser compostados classificam-se em castanhos e verdes; os castanhos contêm maior proporção de carbono (C), sendo geralmente secos e os verdes têm maior proporção de azoto (N), sendo geralmente húmidos. Para que a compostagem decorra da melhor forma, convém ter grande diversidade de resíduos.

Tabela 1 – Materiais a compostar e a não compostar (clique na tabela para ampliar)
Procedimento

I. Corte os resíduos castanhos e verdes em bocados pequenos.
II. No fundo do compostor coloque aleatoriamente ramos grossos (promovendo o arejamento e impedindo a compactação);
III. Adicione uma camada de 5 a 10 cm de castanhos;
IV. Adicione no máximo uma mão cheia de terra ou composto pronto; esta quantidade conterá microorganismos suficientes para iniciar o processo de compostagem (os próprios resíduos que adicionar também contêm microrganismos); note-se que grandes quantidades de terra adicionadas diminuem o volume útil do compostor e compactam os materiais, o que é indesejável;
V. Adicione uma camada de verdes;
VI. Cubra com outra camada de castanhos;
VII. Regue cada camada de forma a manter um teor de humidade adequado. Este teor pode ser medido através do "teste da esponja", ou seja, se ao espremer uma pequena quantidade de material da pilha, ficar com a mão húmida mas não a pingar, a humidade é a adequada.
VIII. Repita este processo até obter cerca de 1 m de altura. As camadas podem ser adicionadas todas de uma vez ou à medida que os materiais vão ficando disponíveis.
IX. A última camada a adicionar deve ser sempre de castanhos, para diminuir os problemas de odores e a proliferação de insectos e outros animais indesejáveis.

As folhas e resíduos de corte de relva acumulam-se num espaço de tempo muito reduzido e em grandes quantidades.
Caso tenha folhas em quantidades que não caibam no compostor:
Enterre algumas no solo;
Utilize-as como cobertura ("mulch")[1] em volta do pé de plantas e árvores;
Faça uma pilha num canto do jardim; as folhas degradar-se-ão rapidamente;
Guarde-as em sacos de plástico, armazene em local seco e acessível e adicione ao compostor à medida das suas necessidades.

Para os resíduos do corte de relva:
Coloque no compostor pequenas quantidades de cada vez e adicione materiais castanhos (os resíduos do corte de relva têm tendência para adquirir uma estrutura pastosa e criar cheiros);
Deixe estes resíduos expostos ao sol a secar; tornar-se-ão materiais ricos em carbono (materiais castanhos), que poderão ser misturados aos mesmos resíduos ainda verdes.

Fatores que influenciam a compostagem
Para que a atividade microbiana se desenvolva em condições desejáveis, deverão ser considerados os seguintes aspectos:

- Tamanho das partículas orgânicas: deverá estar compreendido entre 3 e 7 cm, de acordo com a utilização do produto final;
- Razão C:N do resíduo a ser compostado deve estar compreendida entre 20 e 30:1;
§ se C:N for muito superior a 30:1, o crescimento dos microorganismos (e consequentemente a degradação dos resíduos) é atrasado pela falta de azoto;
§ se C:N for muito baixa, o excesso de azoto acelera o processo de decomposição, com um consumo mais rápido do oxigénio, podendo levar à criação de zonas aeróbias no sistema; o excesso de azoto é libertado na forma de amónia, provocando maus odores e produção de um composto mais pobre em azoto e por isso menos valioso em termos comerciais;
- Inoculação – um arranque mais rápido e um tempo global inferior podem ser conseguidos juntando 1:5 a 1:10 de resíduos parcialmente decompostos; podem também ser adicionadas lamas de estações de tratamento de efluentes, desde que tendo em atenção a humidade global;
- Humidade – os microrganismos que decompõem a matéria orgânica necessitam de humidade para se movimentarem na pilha e para decompor os materiais, visto que só são capazes de decompor os nutrientes que se encontrem na fase dissolvida; teores de humidade inferiores a 30% inibem a actividade microbiana; em processos de arejamento forçado, grandes quantidades de água são removidas por evaporação, pelo que pode ser necessária a adição de água para ajustar o teor de humidade. A estrutura física e a capacidade de retenção de água variam muito com o material a compostar, pelo que o teor de humidade adequado pode variar entre 40 e 70%, pelo que deve proceder ao teste da esponja à sua pilha a fim de determinar o teor de humidade adequado;
- Mistura/revolvimento – o revolvimento permite a homogeneização inicial (para distribuição uniforme de nutrientes e microorganismos), o fornecimento de oxigénio, controlo da temperatura e humidade do resíduo em compostagem; a sua periodicidade dependerá de vários factores, como a dimensão da pilha, tipo e quantidade de materiais adicionados; para uma humidade de 55-60%, a primeira volta pode ocorrer ao terceiro dia e as seguintes em dias alternados, num total de 4 a 5 vezes; o revolvimento é por vezes acompanhado de cheiros ofensivos;
- Temperatura – deve ser mantida entre os 50 e 60ºC, idealmente atingindo os 55ºC; para valores muito elevados (a maioria dos microorganismos não sobrevive a temperaturas superiores a 70ºC), a temperatura passa a ter efeito inverso sobre os microorganismos, retardando e até eliminando a actividade microbiana; é importante que a temperatura se obtenha por acção microbiana e não pelo calor do sol.
- Controle d patogéneos – a maior parte dos patogéneos é destruída a 55ºC; a eliminação total pode ser conseguida deixando o material atingir os 70ºC durante 1 a 2 horas, o que exige uma operação atenta.

Na Tabela 2 encontram-se sistematizados alguns dos principais problemas, causas e soluções possíveis num processo de compostagem doméstica.

Tabela 2 - Problemas, causas e soluções na compostagem doméstica (clique na tabela para ampliar)

Tempo de compostagem
O tempo para compostar matéria orgânica depende de diversos factores. Por isso mesmo, quanto maior for a atenção à pilha de compostagem, mais rapidamente funcionará o compostor.
Se as necessidades nutricionais da pilha forem atendidas, se os materiais forem adicionados em pequenas dimensões, alternando camadas de materiais verdes com materiais castanhos, mantendo o nível óptimo de humidade e remexendo a pilha 1 a 2 vezes por semana, o composto poderá estar pronto em 2 a 3 meses.
Se o material for adicionado continuamente, a pilha remexida ocasionalmente e a humidade controlada, o composto estará pronto ao fim de 3 a 6 meses.
O composto quando acabado não degrada mais, mesmo depois de revolvido. As suas características variam com a natureza do material original, com as condições em que a compostagem se realizou e com a extensão da decomposição. Mesmo assim, o composto é geralmente de cor castanha, apresenta baixa razão C:N e alta capacidade para permuta catiónica e para absorção de água.

4. Aplicação do Composto

Quando o composto estiver pronto:
- retire-o da pilha de compostagem; pode usar um crivo para separar o material que ainda não foi degradado.
- deixe o composto repousar 2 a 4 semanas antes da sua aplicação, especialmente em plantas sensíveis, colocando-o em local protegido do sol e chuva (fase de maturação).

O composto é geralmente aplicado uma vez por ano, na altura das sementeiras, sendo preferível aplicá-lo na Primavera ou no Outono, visto que no Verão o composto seca demasiado e, no Inverno, o solo está demasiado frio.
Se usar o composto em plantas envasadas, misture 1/3 de composto com 1/3 de terra e 1/3 de areia.
Se tiver:
- pequena quantidade de composto, espalhe-o por cima da terra na vala onde pretende semear.
- grande quantidade de composto, espalhe-o em camadas de 1 a 2 cm de espessura misturado com o solo, sem enterrar ou espalhe-o em camadas de 2 cm à volta das árvores e não misture com o solo.
E lembre-se que, ao compostar os seus resíduos, está a contribuir para diminuir os resíduos enviados para aterro, assim como a necessidade de fertilizantes químicos.

Curiosidades:
§ As folhas perdem cerca de 3/4 do seu volume uma vez compostadas. Uma grande pilha de folhas resultará numa pequena pilha de material compostado.
§ Uma família média precisa de dois sacos de lixo de jardim (76 cm x 91 cm) de folhas, serradura ou feno por mês.


fonte: Cátia Rosas/ CONFAGRI